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A minha aldeia, Lisboa

No início do século XX, Lisboa pouco tinha ultrapassado as fronteiras da Av. da Liberdade e da Av. Almirante Reis, ou Rainha D. Amélia como então era conhecida. O Areeiro, os Olivais, Palhavã, Alcântara, Campolide, Benfica pouco mais eram do que pequenas aldeias paradas no tempo. Com a crónica falta de dinheiro e as inevitáveis divergências entre facções políticas, Lisboa pouco se desenvolveu durante a Primeira República. Só nos anos 40, com Duarte Pacheco à frente do Ministério das Obras Públicas, a cidade iria conhecer um novo dinamismo, começando a nascer novos bairros nos "arrabaldes", como as Avenidas Novas, e modernas vias rodoviárias como a autoestrada para Cascais. Lisboa estava a crescer. Nem sempre da melhor maneira. Ao lado de obras de mérito, os bairros da lata propagavam-se e seriam cometidos violentos crimes urbanísticos, como a demolição do Martim Moniz. Crimes que se prolongaram por décadas, até hoje, porque ainda hoje se continua a destruir património cultural e arquitectónico sempre que outros valores, tantas vezes mesquinhos, frequentemente obscuros, se levantam.

 

Principais fontes de consulta e fotográficas: 

Arquivo Municipal de Lisboa, Hemeroteca Digital, Museu da Cidade, Blogue Restos de Colecção, Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian

Teatreiros e Cinéfilos

Sabia que existiu um cinema em pleno Palácio Foz? Que, antes do Eden, o terreno era ocupado por uma garagem? Que, antes do Condes, existiu no mesmo local o Teatro da Rua dos Condes? Que, antes de ser São Luís, o teatro se chamou D. Amélia, no tempo da monarquia, e República após 1910? Ou que, em Lisboa, existiram outros cinemas e teatros com nomes como Apolo, na Rua da Palma, Luís de Camões, na Ajuda, ou Thalia, às Laranjeiras? E, a pergunta mais dramática, quantos cinemas e teatros que frequentou já desapareceram, vítimas de incêndios, do camartelo, da especulação imobiliária e do desleixo e desapego à cultura das "elites" governantes ao longo de décadas?

 

Principais fontes de consulta e fotográficas: 

Arquivo Municipal de LisboaHemeroteca Digital, Museu da CidadeBlogue Restos de ColecçãoBiblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian

 

Alfacinhas nas hortas

Aos domingos, os lisboetas tinham por tradição "ir às horas", ou seja, ir em passeio pelas zonas rurais dos arredores da cidade, sendo Belas uma das regiões preferidas. O almoço, geralmente constituído por peixe frito, era acompanhado por salada de alface, um costume visto com estranheza pelas gentes de fora de Lisboa ("comida de grilo", ainda há quem lhe chame). Segundo se crê, esse hábito alimentar deu origem ao termo "alfacinha" que serve de alcunha aos nados em Lisboa.

 

Principais fontes de consulta e fotográficas: 

Arquivo Municipal de LisboaHemeroteca Digital, Museu da CidadeBlogue Restos de ColecçãoBiblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian

 

Costumes e Ofícios de Lisboa Antiga

As ruas eram os nossos centros comerciais. Ali, vendia-se de tudo: fava-rica, peixe, perus e galinhas vivas, o belo figuinho de capa rota, leite acabado de extrair da vaca ou da cabra que o leiteiro trazia consigo, rendas e água fresca. O amolador, a varina, o moço de fretes, o engraxador, o ardina enchiam as ruas de pregões. O ferro-velho comprava garrafas, papéis, livros e revistas. As lavadeiras, vindas dos lados de Caneças ou da Malveira, partiam da cidade em carroças, ou em camionetas as mais afortunadas, ajoujadas de trouxas de roupa suja que, na semana seguinte, traziam imaculada às patroas. Os moços de fretes, também conhecidos por galegos por ser da Galiza a origem de muitos, ofereciam os seus préstimos ao virar de cada esquina. Os vendedores de banha-da-cobra proclamavam alto e bom som os milagrosos atributos dos seus unguentos e poções que tudo saravam, que, a acreditar nas suas palavras, davam vida a um morto. De todos eles, é talvez o vendedor de castanhas assadas o único que resistiu aos avanços do "progresso" e que ainda hoje, a preços pouco amistosos, é certo, mantém viva a tradição. Quentes e boas, lá vêm elas em cada Outono lembrar-nos que Lisboa é mais do que a corrida para casa ao fim da tarde, mais do que o shopping, mais do que edifícios de escritórios em artérias que, por força do lucro, da voragem dos tempos e da estupidez dos homens, perderam beleza e carácter.

 

Principais fontes de consulta e fotográficas: 

Arquivo Municipal de LisboaHemeroteca Digital, Museu da CidadeBlogue Restos de ColecçãoBiblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian

Quando o comércio era de bairro

Tardes de tertúlia, noites de estúrdia

As lojas de Lisboa chique

As lojas elegantes do Chiado de inícios do século passado, os grandes armazéns ao jeito parisiente, as pastelarias finas para beber um chá e tagarelar um pouco, as livrarias que vendiam livros e não mercadoria de terceira ordem embrulhada em rendas e tafetás, as lojas para todos os gostos e necessidades, da Casa dos Espartilhos à Casa das Bengalas. Uma Lisboa que por lá ficou.

 

Principais fontes de consulta e fotográficas: 

Arquivo Municipal de LisboaHemeroteca Digital, Museu da CidadeBlogue Restos de ColecçãoBiblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian

Nas asas do progresso

Que é feito dos Prémios Valmor?

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